Mapa da Mídia Independente é lançado no Recife 2y2hl

Já está no ar o Mapa da Mídia Independente e Popular de Pernambuco. O evento de lançamento aconteceu no Edifício Pernambuco, no Centro do Recife, na terça-feira (19), e contou com a presença de mais de 60 integrantes de 20 coletivos que produzem e disseminam conteúdos informativos no estado. Eles participaram de uma roda de conversa para falar do trabalho que desenvolvem em seus territórios e trocar experiências. O encontro culminou com uma live transmitida no canal do Youtube da MZ Conteúdo para marcar a entrada do site no ar. 2g3f23

O Mapa traz informações sobre os principais temas abordados pelos coletivos, o seu público-alvo, a quantidade de integrantes, os meios pelos quais divulgam seus conteúdos e como se sustentam financeiramente. Também é possível ar as redes sociais dos grupos e acionar os contatos vinculados a cada uma das iniciativas. A plataforma foi lançada com 42 coletivos, mas ela segue sendo permanentemente atualizada por meio de formulário eletrônico disponível no próprio site e nas redes da MZ Conteúdo.

O projeto realizado pela Marco Zero Conteúdo conta com a parceria do Coletivo Sargento Perifa, que atua na Linha do Tiro, Zona Norte de Recife, e o apoio da Repórteres Sem Fronteiras. “Ninguém cala a voz conectada dos coletivos de comunicação de Pernambuco”. Essa foi a reação de Daiene Mendes, coordenadora do Programa de Apoio ao Jornalismo Independente (Pajor), da RSF, durante o encontro de lançamento com comunicadores e comunicadoras.

Na live, a jornalista e comunicadora popular do Sargento Perifa, Martihene Keila, enfatizou o potencial que o mapa tem de mobilizar e ser uma ferramenta de articulação dos coletivos. “Se a mídia tradicional não noticia coisas positivas da favela porque diz que não tem coisas positivas por lá, a gente vai e cria as coisas positivas e noticia cada uma delas. Sei que essa disposição é compartilhada por cada uma das 42 iniciativas que compõem de saída o mapa porque elas querem transformar suas comunidades. O Mapa vem pra dar essa visibilidade, pra gente fazer essa troca e pra gente entender que não estamos sozinhos”.

Crédito: Arnaldo Sete/MZ Conteúdo

Uma das coordenadoras da Rede Tumulto, a comunicadora e produtora audiovisual Yane Mendes destacou a importância de que os coletivos tenham apoio real, financeiro, das organizações apoiadoras para realizar suas ações e produção de narrativas.

“No ano como esse, eleitoral e decisivo, as pessoas precisam entender a nossa importância, que nosso fanzine, nossos vídeos, nossos podcasts, feitos até por crianças, fazem a diferença. E eu me pergunto, quando vai chegar a recompensa? Estou cansada de dizer “filma com qualquer celular’ . Eu quero é ver meus pirraia filmando com uma Sony 7F porque eles sabem o que vão filmar. A gente nunca faz nada meia boca. A gente pensa e debate. Não produz por produzir. Por que? Porque é nossa cara preta que está sendo colocada no mundo. Esse mapeamento tá aqui pra dizer que, além de existir, a gente produz muita coisa com qualidade. E se a gente as vezes produz com menos qualidade é porque não tem o equipamento. A gente precisa dos equipamentos e munição para ir contra tudo que está sendo feito aí. A prova que dá certo você pode ver no Mapa. Não é uma aposta, não. A gente já deu certo. O que falta agora é a galera meter a mão no bolso para ajudar”.

Durante o encontro, o comunicador Edson Fly, da Ação Comunitária Caranguejo-Uçá, criticou o papel da mídia tradicional, corporativa, e exaltou a atuação de resistência dos grupos de mídia independente nas comunidades periféricas: “A mídia tradicional capitalista só nos procura para fazer boneco [foto no estilo 3×4 para matérias sobre violência], barriga [reportagem com erros, publicada sem a devida apuração] e fake news”. Com 22 anos de militância na radiodifusão comunitária, Wágner Souto, da diretoria nacional da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias e do portal Rádio Notícia, se mostrou emocionado com o evento. “Sairei daqui cheio de esperança com tanta energia dessa juventude. Tanto tempo de radiodifusão e, só agora, vejo as coisas andarem de verdade”, itiu.

Posicionamento e colaboração 6z96t

Os coletivos de comunicação independente e popular são majoritariamente integrados por pessoas jovens, periféricas, mulheres negras que praticam uma comunicação posicionada, antirracista, contra a homofobia e a transfobia e os preconceitos de classe.

Muitos deles e delas são estudantes universitários de uma primeira geração de suas famílias que teve o ao ensino superior em cursos como jornalismo, cinema, fotografia, design, história, letras. Outros têm formação prática em comunicação popular, ilustração e midiativismo.

Estão presentes nas redes sociais mas também realizam atividades nas ruas em contato direto com seu público, muitas vezes vizinhos e moradores do mesmo bairro. Produzem vídeos para o Youtube e o Instagram, cards e textos para o Facebook e também se comunicam via rádios-poste, áudio-bikes, lambes, fanzines, hip hop, grafitte e uma infinidade de meios.

Os coletivos abordam temas abrangentes que vão da juventude, às questões raciais e indígenas, de gênero, cultura, entretenimento, educação, saúde, meio ambiente, política, comunicação e tecnologia.

Comprometidos com suas comunidades, os coletivos não atuam apenas na área de produção e distribuição de conteúdos e tocam projetos de formação, organização e impacto direto nas áreas de educação, cultura, esportes, saúde, tecnologia e segurança alimentar, em parceria com outros grupos da sociedade civil locais ou estaduais. O trabalho colaborativo é uma das suas principais marcas.